quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ecos do passado.

Passado é algo longinguo, do qual você se arrepende ou não. Ou ambos. Passado pode ser aquela folha de rascunho do presente, ao qual você queria que fosse realmente somente uma folha de rascunho, ou pode ser aquela obra prima na qual você quer pendurar até mesmo na parede do futuro.

Passado foi passado pra trás, mas nunca numa velocidade suficiente que não permita que ele te alcance um dia e te faça encara-lo de frente. Passado não brinca de ser, ele foi. E por isso passado é algo que todo mundo quer passar pra trás.

Quando a gente se depara com esses ecos do passado é algo estranho. Tudo num instante está na sua normalidade, você com o que aprendeu,  ele lá atrás. Aí ele aparece e te sorri (ou te fulmina com o olhar) e você se vê num jogo de palavras, num turbilhão de explicações, difamações, sonhos perdidos, sonhos conquistados, em que o único alvo é você.

Então você tenta limpar aquela mancha negra que tá ali no passado...pensa "já que ele tá aqui, vamos tentar ajeitar"...e você percebe que não limpa. Não importa o que faça...não limpa...porque aquilo tudo que você quer limpar não depende só de você...mas de todas as pessoas que ajudaram a fazer a mancha. E com elas você não pode contar..porque você só tem você.

Pior é quando você percebe que além do seu passado, há também as versões que as pessoas fizeram sobre o seu passado, seja por verem somente através da retina de outros olhos, seja para tornarem o próprio passado mais imaculado para os outros. Aí além do seu passado vindo a tona, vem de mãos dadas com ele o passado que alguém decidiu desenhar de você.

Só há uma coisa a se fazer...pegar o seu passado, abraça-lo, e agradecer pelo que ele te ensinou. E com o passado que fizeram pra ti? Bom...esse é só deixar de lado, porque ele com certeza alcançara a pessoa que o fez...Assim como já alcançou.

Engraçado pensar que, como uma pessoa que irá rodar os quatro cantos do mundo, como mochileira que sou, tem sua maior lição justamente aqui...num momento que foi tão pífio. Engraçado pensar que, justamente o momento mais dolorido pode ser também o que deu mais força. Nessa estrada que me puxa a frente é fácil sorrir ao perceber que carrego comigo a lição de que ninguém pode te derrubar, de não tomar pra mim menos do que mereço...e de principalmente jamais mudar uma vírgula do que sou, se isso desestruturar minha essencia, por ninguém.

Quem não acredita que a gente deixa de existir em algum momento, é porque nunca experimentou a hilariante sensação de ser puxado pra dentro de uma amarga insanidade...onde o senhor dos seus atos é quem está manipulando as cordas da marionete que você virou.

A Mayra deixou de existir durante uns oito meses. Mas cumpri meu papel e logo após cortei as cordas. Quando cai ao chão com o impacto de ter me soltado, demorei mais uns dois meses pra juntar tudo e encaixar da forma que eu lembrava que eu era...E eu sei que uma parte eu deixei ali jogada no chão...e fiz isso pra que nunca mais pudesse voltar a ser sugada pra dentro de mim.

Quando se encontra com o passado só há duas coisas a se fazer, chorar ou sorrir...independente do que ele te traga. Eu escolhi sorrir para esse que veio me visitar...porque apesar dele ter o gosto amargo da estupidez humana, ele também tem o gosto doce da superação.

Hoje eu sou a Mayra que era antes daqueles oito meses, com uma parte a menos, e a Mayra que aprendeu uma lição. Hoje eu sou a Mayra que se reconstruiu e a Mayra que se permitiu reconstruir melhor. E pro passado que veio me visitar é isso que mostro.

Agora?

Sigo em frente....porque na estrada lá na frente tá fazendo um sol lindo.

Por  Mayra

 

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rotineiro

Acorda Pedrinho
O mal não te espanta
Pedrinho se cansa, Pedrinho não canta
Corre Pedrinho
A lua te guia, o sol de campana só fim de semana
Sacode Pedrinho
Ainda é semana, pega o busão, se joga na lama
Atrasa Pedrinho
É a enchente, amiga do lixo, inimiga da gente
Se humilha Pedrinho
Diz que entende, paga o que pode e o resto desmente
Trabalha Pedrinho
Não fique doente, finge que é paz a rotina da gente
Se manda Pedrinho
Empurra! Vá em frente, leva pra casa o suor dessa gente
Se vira Pedrinho
Aluguel atrasou, a luz cortou, telefone pifou a merenda acabou
Não cospe Pedrinho
Engole o amargo, barraco inundou, o filhou afogou, mulher endoidou, memória apagou
Mas anda Pedrinho
Seja valente, a vida não cessa, siga em frente
Vamos Pedrinho!
Patrão tá a espera
Levanta Pedrinho!
Patrão tá uma fera
Pedrinho??
.........

Pedrinho já era.

Por Mayra

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Respire...

Inspira já ansiando pelo expirar, não tanto pela "mera" necessidade de manter-se vivo e ativo, mas para tentar livrar-se, mesmo que por intervalos breves, do "perfume" impregnante e fedorento que rasga os pulmões, inflama as narinas, nauseia o estomâgo, amarga o âmago e suscita um dia menos aspirante, tornando urgente... imprescindível... letal...aspirar natura.

Mais um pouco e...

Inspira e retorce...
Expira e vomita...
Inspira e grita...
Expira e falece.

...cingida dessa fragrância que arrebata e abraça-me em ti. A minha própria, não sei porque, também traz o seu aroma nostálgico...
...Nay...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Tell everyone in the world, that I'm you

Depois de uma prova...nada melhor que uma das minhas (novas) músicas favoritas pra esquecer....




"Why can't you see that you are, my, child
Why don't you know that you are, my, mind
Tell everyone in the world, that I'm, you
Take this promise to the end, of, you"

Por Mayra

terça-feira, 14 de abril de 2009

Fé (licidade)

Ela mora naquela esquina, onde João é Maria e brinca de ser ladrão...
Come daquela lata, onde os ricos jogam por arte o que pra ela é ganha pão
Trabalha até nos domingos juntando teu papelão
Ri de todos meandros e canta a sua canção


Mas mulher...


Ô mulher, porque não olha pra mim quando falo contigo?

Que vergonha é essa que te faz esconder essa gengiva ?
Que é esse medo bobo de trocar plurais por singulares e não saber fazer letra de mão?
Qual é a desses olhos, porque te causo tamanha admiração?

Não poderia eu olhar em teus olhos! Pois o meu conforto é a tua desenganação!
Me ensina tu a sorrir! Pois mesmo com todos meus dentes, meu sorriso não carrega a felicidade do teu riso tão crente!
Declame tu a poesia do dia a dia...pois tuas palavras dizem facilmente a verdade desse presente!

E que os meus olhos...
Que meus olhos te admirem! Por sofrer as penas da vida, por ser tão excluida, por dobrar o estomago de fome e ter por lar uma rua bandida...mas mesmo assim...mas mesmo assim mulher...ainda ter na voz essa canção....ainda ter na lingua essa palavra - Deus -...ainda ter no peito uma crença...ainda ter na vida...ainda ter a vida....
Fé...

Por Mayra

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Superação

Alguns espasmos...
Algumas interjeições...
Alguns hematomas...
Algumas distenções...
Alguns estalos...
Algumas gotas de suor...
Alguns medos...
Algumas limitações de movimento...
Alguns dias de abstinência...

...e pronto...um sorriso!

algumas dores para suprimir minhas dores..


...Nay...

sábado, 11 de abril de 2009

Permita-me sentir por um Momento

Desde a nuance mais genuína e clara incipiente no horizonte, até seu outro extremo com seu etéreo escuro azul, senti a tão esperada paz que há tempos não me acometia.Contemplei e admirei a lua! A qual se manifestou pela metade, mas com reluzente fulgor e luz.Seu véu parecia tocar o céu! E que harmonia!Como se não bastasse tamanho esplendor, ainda reuniu suas comparsarias para que pontilhassem o espaço privado de sua luz e tornasse seu espetáculo de despedida o mais lindo dos momentos, e então, iminentemente, dar lugar ao nosso impetuoso círculo de fogo.

Não que essa magnífica cena não ocorra todos dias, mas esta madrugada apresentou a imensidão, e surtiu tal efeito em meu ser que me remeteu ao encanto, esperança e bons presságios que o mundo ainda insiste em me prometer.

Nesse contexto, ainda imergida neste momento, ouso dizer mais:
Em meio a tal idílio, e como se não houvesse mais nada, minha compleição se tornou fausta e suave, e de olhos cerrados e marejados deixei-me extasiar. Em minhas reminiscências almejo panoramas bucólicos, nos quais aguardo cingir-me de zéfiros que carreguem todos meus tétricos pensamentos e me livre dessa cinza urbanização selvagem!

Pena! Era efêmero!

...Nay...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Amor que não é verbo.

Sigo.

Há estradas a seguir e tantas vielas sem calçamento... escolher uma delas exige um certo tempo...perco parte dele me perguntando: acaso queira, posso voltar e escolher uma outra estrada?
Escolho uma delas. É uma estrada escura, mas mais iluminada do que as outras, de qualquer forma caminho lentamente...o medo de tropeçar, muitas vezes, me faz parar. 

Dor. 

Era uma pedra, me fez cair, e a dor ao levantar chega a ser pior que a dor da queda. O amargo que assalta minha boca penso não ter cura. Levanto.
O fardo agora pesa ainda mais, penso em me livrar dele...se eu o jogar ali no cantinho, nessa estrada escura, talvez não o ache mais, e nem tenha o perigo de alguém o encontrar.
Caminho mais alguns passos e logo tropeço de novo, dessa vez não numa pedra...é mais um fardo jogado na estrada, e ele insiste em subir em minhas costas.
Conforme caminho solto os fardos, conforme tropeço eles se somam novamente ao peso de minhas costas.

Cansaço
Respiro
Em frente...

Apesar da escuridão sinto uma presença. Posso ver se me esforçar...

Um homem passa por mim.. tropego, cansado, machucado...ele me para.
Sem nada dizer, tira o fardo das minhas costas e acrescenta ao enorme volume que carrega nas suas...olhando percebo que tudo que ele carrega são os diversos fardos que deixei pra trás.

Ouso questionar....Ele levanta o olhar...

Como se amar não fosse apenas um verbo, Ele me amou.
Como se ao se doar não ferisse o corpo, Ele se doou.
Como se o mundo não terminasse aqui, Ele continuou.
Como se já não houvessem dúvidas, Ele acreditou.
Como se não houvessem os surdos, Ele elevou sua voz.

Tirou o meu peso.
Tratou minha ferida.
Abençoou minha vida.

Não pude agradecer...não pude alcança- Lo...mesmo com todo aquele peso andava Ele depressa demais...
Senti que por mais que me esforçasse, nada se compararia ao amor dEle.

Sorrio.

Não estou só. Entrego -me em agradecimento.

A estrada se ilumina.

Por Mayra

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Abstrai e exterioriza

O universo é constituido por estrelas, planetas, galáxias, buracos negros e tantas coisas mais...nosso universo, o que estamos agora dando boas vindas as pessoas que queiram conhecer , não é feito de nada disso, a não ser em nossas contemplações. Nosso universo é constituido por pensamentos, por quimeras, por desejos, por medos e anseios, amor e ódio, realidade e sonho, por racionalidade e sentimentalismo...por Eros e Psiquê.
Aqui é valido a tentativa de expressar certas “poesias recônditas” de nosso ser, seja em prosa ou verso, rimado ou indiferente, em muitas palavras ou simplesmente uma certa união de letras, coerente ou insano, elaborado ou lançado, feliz ou displicente, onírico ou real (e até surreal), seja ditadas pela razão e/ou emoção, o certo é que são desabafos de almas que pensam demais, mas não espere encontrar aqui disposições filosóficas.
Ao entrar em nosso mundo esteja disposto a entrar em contradição, a não entender, ou simplesmente acompanhar nossa linha de raciocínio (ou demência). Nos permita ter a pretensão e a audácia de colocar em palavras o que fervilha em nosso ser.
Abstraia-se, como diria a Nay...se permita ir e enxergar além, pois só assim talvez acompanhe um pouco do que duas almas confusas e contraditórias querem dizer. 

Exteriorize, como diria a Mayra...compartilhe com a gente teus pensamentos, nos ensine através do que é confuso em sua alma.

Bem vindo, ou não, a um pouco do que somos. Mayra e Nay.